História

  • Publicado em: 29/03/2017 às 15:55   |   Imprimir

No ano de 1930 a maior fonte de renda da época era a extração da madeira. Na época, usava-se o rio Uruguai e seus afluentes como via de transporte da madeira, eram montadas grandes balsas e desciam o rio. Era muito arriscado, pois isto se fazia com o rio cheio. Por volta de setembro de 1930, Pedro Garcia e o argentino Caturro, estavam empenhados em trazer um pelotão de madeira, através do rio, que seria embalsada no velho Porto Mauá. As águas do rio Santa Rosa e do rio Uruguai estavam furiosas, época de grandes cheias. O pelotão de madeira que descia o rio empurrado pela fúria das águas, na altura da barra do rio Santa Rosa, chocou-se violentamente em algumas árvores e desmantelou o pelotão.

Pedro Garcia e Caturro que vinham em cima do pelotão, procuraram se agarrar no que estava a seu alcance. Caturro conseguiu firmar-se em cima de uma tora e começou a descer o rio Uruguai. Pedro Garcia conseguiu agarrar-se em uma das árvores, em que se chocou o pelotão de madeira e nela ficou, rodeado de água. Estava escurecendo e os dois sabiam que corriam risco de vida.

Caturro descendo o rio em cima da tora, passou a chamar por socorro e foi ouvido por Antônio Rebelato que morava perto do porto velho. Já anoitecendo, Rebelato pegou seu "caíco" (pequeno barco) e foi em busca daquele que clamava por socorro. Com muito esforço, conseguiu localizar Caturro e conduziu-o salvo para sua casa. Caturro, preocupado com a sorte de seu colega Pedro Garcia, fez uma promessa a Nossa Senhora dos Navegantes, pedindo que velasse pelo colega.

Cedinho, no outro dia, Rebelato e Caturro subiram o rio a procura de Pedro Garcia, e emocionados, viram-no agarrado, com as poucas forças que lhe restavam, a uma árvore açoitada pela fúria das águas. O encontro dos dois amigos foi emocionante, Um contou das preocupações que teve pelo outro. Pedro Garcia contou que havia implorado a proteção de Nossa Senhora dos Navegantes pelo amigo que descia o rio em cima de uma tora, agarrado na árvore.

Prometera doar uma imagem dela. Por coincidência, Caturro também havia feito esta promessa, mas com o detalhe de colocá-la no local onde havia sido salvo. Salvos os dois amigos, antes de partirem, entraram em contato com os moradores locais, para saberem se a imagem que eles iriam doar seria recebida e zelariam por ela. Todos foram unânimes em receber esta oferta. Adquirida a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes, que fora importada da Espanha, tendo sua entrada por Buenos Aires. De acordo com a promessa, a imagem deveria ter a altura média de uma pessoa.

Os moradores da vila de Porto Mauá uniram-se e iniciaram a construção da primeira capela, usando madeira recolhida após as cheias e serradas a mão. Tudo era muito rústico, mas para a época e os recursos que se dispunha, estava ótimo. Localizava-se mais ou menos 2.000m. abaixo do atual porto, na direção que vai à Barra do Santo Cristo, onde residiam a maioria dos moradores da época. Já em fevereiro de 1931, realizou-se a primeira Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, com procissão fluvial em cima de caíques e uma barca improvisada que levava a imagem. Segundo as pessoas da época, comentavase até no Belo Centro hoje Tuparendi e em Santa Rosa, que houve grande Festa.

A Procissão na água contou com a imagem belíssima, reunindo em torno de 100 pessoas na festa. Como se fazia necessário uma escola,a capelinha passou a abrigar os alunos da localidade e assim durante vários anos, a mesma ficou ali no local primitivo, com vistas para o rio. Por volta de 1940, a capelinha foi transferida para um terreno doado pelo Major Santos, mais ou menos na esquina, onde hoje está localizada a loja de Irmãos Saggin e o prédio da Inspetoria da Receita Federal. Deste local, ela também era vista por quem descia ou subia o rio, pois este foi um dos pedidos feitos pelos doadores da imagem.

As festas da Padroeira realizam-se anualmente, desde o início, no mês de fevereiro, cada vez adquirindo mais fama e contando sempre com maior número de romeiros. A velha capelinha de madeira já merecia ser substituída e assim, por volta do ano de 1950, passou-se a construir a atual capela localizada no alto, de visão panorâmica para o rio Uruguai. Com muito esforço e união para a pequena vila de Porto Mauá, conseguiu edificar a bela capela de Nossa Senhora dos Navegantes. Não citaremos nomes, pois, por lapso, podemos esquecer alguém, pois todos merecem o nosso reconhecimento.

Finalmente em 1954 foi inaugurada solenemente a nova capela, onde até hoje reina gloriosa a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes, doada por Pedro Garcia e Caturro. É sem dúvida, uma belíssima imagem com seus dois metros de altura, 67 anos de permanência e zelosa proteção em nossa comunidade.

Atualmente a festa da Padroeira é realizada nos pavilhões de festa que se localiza ás margens do rio Uruguai e a procissão fluvial de 2005 foi feita em modernas lanchas e barcas; Mas o espírito religioso que anima a festa é o mesmo dos primeiros anos. Tradicionalmente realizada no dia 2 de fevereiro, é organizada com muita fé, dedicação e trabalho. O espírito religioso é alimentado pelo tríduo e procissão luminosa que antecedem a festa, marcados pela oração e participação da comunidade, romeiros e visitantes preservam a tradição.

As águas do rio Uruguai passam ao lado do município, vistais maravilhosos. Na outra margem, os hermanos, à distância de um abraço fraterno.Aqui, em Porto Mauá, junto à natureza exuberante, um povo desenvolve um modo de viver sob o lema da integração. Homem e natureza, terra e rio, Brasileiros e Argentinos convivendo em harmonia.As águas do Rio Uruguai têm sido uma atração irresistível para os visitantes, que além da pesca e dos passeios a barco, podem apreciar as festas típicas do município.O turismo ecológico encontra seu ponto ideal em Porto Mauá, que oferece muitas áreas verdes nas margens do rio e uma ilha com camping.

A comunidade de São José do Mauá promove a Festa do Imigrante Italiano, com muita música, folclore e comida Típica.

Todas as localidades foram colonizadas por descendentes de imigrantes italianos, alemães, poloneses e lusos-brasileiros. Segundo testemunho destes pioneiros, o início deu-se na localidade de São José do Mauá, por volta de 1912 com a vinda da Família Warmbier, de origem polonesa, Em Campo Alegre chegaram os jovens Turra, Grando e Dal Ago em meados de 1916, e fixaram residência, sendo descendentes de imigrantes italianos; em 1918 Juvenal Flores e família fixa residência em Porto Mauá, a beira do rio Uruguai.

A espinha dorsal do município estava formada e a partir daí; surgem as demais localidades, como Esquina Sete de Setembro, em 1921, povoado por italianos; São João do Mauá, inicia o povoamento em 1924 com descendentes de italianos, poloneses e luso-brasileiros; São Luiz do Mauá, povoado a partir de 1930 com a chegada de imigrantes italianos, alemães e luso-brasileiros. Mais tarde, surge o povoamento da região da Itajubá e posteriormente inicia o povoamento a beira do rio Uruguai, surgindo as localidades de Volta Grande e Três Bocas.

Desde o início, Porto Mauá se destaca recebendo maior número de desbravadores, entre estes, as famílias Rebelatto, Zanini, Schmitz, Silva, Machado, os Flores, citados como pioneiros, responsáveis pela grande heterogênicas da população da sede do Município.

A fertilidade de nossas terras foram responsáveis pela atração dos pioneiros a estas plagas. Com isto, desenvolveu-se inicialmente uma agricultura de subsistência e posteriormente com o desenvolvimento, propiciou-se o surgimento de lavouras mecanizadas.

A localização a beira do rio Uruguai influenciou no desenvolvimento econômico da sede do município.Inicialmente, o rio proporcionou abundante pesca aos pioneiros e posteriormente passa a ser explorado comercialmente através do transporte fluvial que favorece o desenvolvimento do comércio entre as localidades ribeirinhas do Brasil, no caso de Porto Mauá e da Argentina, através de Alba Posse.